Sábado, Julho 27, 2024

Presidente da Somália pede ajuda popular para expulsar o Al-Shabab

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O Presidente da Somália, Hassan Sheikh Mohamud, convocou ontem cidadãos comuns para ajudar a expulsar membros do grupo jihadista Al-Shabab que descreveu como “percevejos”. Segundo a Efe, Mohamud fez esta declaração numa manifestação organizada pelo Governo contra os militantes ligados à Al-Qaeda realizada num estádio na capital Mogadíscio sob forte esquema de segurança.

“Estou a pedir ao povo de Mogadíscio, os kharijitas (renegados) estão entre vocês. Então, expulsem-nos. Eles estão nas suas casas, são seus vizinhos, em carros que passam por vocês”, disse. “Quero que nos comprometamos hoje a eliminá-los, eles são como percevejos sobre nossas roupas”, acrescentou, enquanto os manifestantes agitavam bandeiras e cartazes com mensagens anti-Al-Shabab.

O Al-Shabab vem travando uma insurgência sangrenta contra o Governo Central apoiado internacionalmente há 15 anos, realizando ataques tanto na Somália quanto em países vizinhos que enviaram tropas para ajudar na luta contra os militantes. “As pessoas estão cansadas de massacres, assassinatos e todos os tipos de crimes e agora estão a dizer ao Al-Shabab: ‘Basta’”, disse Mohamud.

O Presidente declarou guerra “total” contra os combatentes islâmicos logo após assumir o cargo em Maio do ano passado. Nos últimos meses, o exército e as milícias de clãs locais retomaram faixas de território no Centro do país numa operação apoiada por ataques aéreos dos EUA e uma força da União Africana.

Mas os insurgentes, frequentemente, retaliam com ataques sangrentos, destacando a sua capacidade de atacar o centro das cidades somalis e instalações militares, apesar da ofensiva. Embora forçado a sair de Mogadíscio e de outros centros urbanos principais há mais de uma década, o Al-Shabab permanece entrincheirado em partes rurais do Centro e Sul da Somália.

Ontem, os Estados Unidos anunciaram uma recompensa de 10 milhões de dólares para quem der informações que levem à localização de um homem descrito como o “mentor do terror”, responsável pelo sangrento ataque a um hotel no Quénia há quatro anos. Segundo a Reuters, o homem em questão é Mohamoud Abdi Aden, descrevendo-o como um líder do grupo jihadista Al-Shabaab, com sede na Somália, que realizou vários ataques mortais no vizinho Quénia.

O grupo, afiliado à Al-Qaeda, reivindicou a responsabilidade pelo cerco de 15 de Janeiro de 2019 ao luxuoso complexo hoteleiro DusitD2 na capital do Quénia, Nairobi, que durou quase 20 horas. Pelo menos 21 pessoas perderam a vida, incluindo um cidadão americano, e muitas outras ficaram feridas. O Quénia disse na época que todos os agressores foram eliminados.

“Mohamoud Abdi Aden, um líder do Al-Shabaab, fazia parte da célula que planeou o ataque ao hotel DusitD2”, disse a embaixadora dos EUA no Quénia, Meg Whitman, a repórteres em Nairobi. A embaixadora disse que os EUA estão a oferecer uma recompensa de até 10 milhões de dólares por informações que levem à prisão de Aden, descrito pela diplomata como cidadão  queniano.

O chefe da Direcção de Investigações Criminais do Quénia, Amin Mohamed Ibrahim, descreveu Aden como o “mentor do terror” por trás da carnificina. O Departamento de Estado designou Aden como “terrorista global especialmente designado”, em Outubro do ano passado.

Em 2013, o Al-Shabab sitiou o Shopping Westgate em Nairobi durante quatro dias, deixando 67 mortos. Em 2015, um ataque à Universidade de Garissa, no Leste do Quénia, matou 148 pessoas, quase todas estudantes. Muitas foram baleadas à queima-roupa após serem identificadas como cristãs. Foi o segundo ataque mais sangrento da história do Quénia, superado apenas pelo que visou a Embaixada dos EUA em Nairobi pela Al-Qaeda, em 1998, que matou 213 pessoas. O Al-Shabab, que há 15 anos trava uma insurgência sangrenta contra o Governo Central da Somália, foi classificado como grupo terrorista pelos EUA, desde 2008.

  Puntland rompe com Mogadíscio

Entretanto, o Governo do estado semi-autónomo de Puntland anunciou ontem em comunicado citado pela Efe, que “agora está a agir como um Governo independente”. O anúncio ocorre numa altura de tensões entre o presidente federal da Somália, eleito em Maio passado, Hassan Sheikh Mohamoud, e o presidente de Puntland, Said Abdullahi Deni, que foi derrotado na última eleição presidencial.

O comunicado do governo de Puntland enfatizou o seu compromisso com a Somália. Assinando a sua justificativa de três páginas como o “Governo Puntland da Somália”, recorda os seus “esforços nos últimos 18 anos” para “estabelecer as bases para a construção do sistema federal” e o seu apoio “financeiro e militar” a sucessivos governos em Mogadíscio.

As tensões aumentaram nos últimos meses entre Mogadíscio e Puntland sobre a distribuição de poderes políticos, judiciais e de segurança, o uso dos portos de Bossaso e Berbera e recursos naturais, e o direito de firmar parcerias estrangeiras, especialmente para o desenvolvimento do petróleo. As recentes reuniões entre os dois Chefes de Estado não correram bem. Desde o Verão passado, que o presidente do governo de Mogadíscio toma cada vez mais decisões em nome de uma federação somali que ainda não foi construída, o que as autoridades de Garowe perceberam como uma tentação dirigista por parte das autoridades federais.

Fonte:https://www.jornaldeangola.ao/ao/noticias/presidente-da-somalia-pede-ajuda-popular-para-expulsar-o-al-shabab/

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