Domingo, Abril 21, 2024

Ministro quer jornalismo responsável na defesa dos interesses dos cidadãos

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O ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Oliveira, apontou, nesta sexta-feira (30), em Luanda, a promoção da comunicação “assertiva e responsável” na defesa dos interesses dos cidadãos e engrandecimento do país como principais desafios da instituição para os próximos tempos.

“Temos de trabalhar numa comunicação que vá de encontro aquilo que são as aspirações de Angola e dos angolanos”, declarou o governante, durante o “mata-bicho” com os profissionais de diferentes órgãos de comunicação social, no Centro de Formação de Jornalistas (Cefojor), que visou colher contribuições para o desenvolvimento do sector.

Mário Oliveira manifestou disponibilidade total para receber as contribuições dos diferentes órgãos de comunicação e vincou a necessidade de, em conjunto com os mesmos, realizar um trabalho que dignifique a profissão, o país e os cidadãos.

Com base no lema “Quem quer ir depressa vai sozinho, quem quer ir longe vai acompanhado”, o ministro lançou o repto para uma  maior aproximação entre os jornalistas dos órgãos públicos e privados.

“Vamos tentar, na medida do possível, fazer uma aproximação cada vez maior entre todos os jornalistas, sem excepção, para acabarmos com a história da classificação de jornalista privado e público”, referiu.

Verdades e mentiras  na imprensa

No quesito da liberdade de imprensa, o ministro informou que o país tem mais de 20 rádios e inúmeros jornais privados, incluindo portais, através dos quais alguns profissionais reportam o que “lhes vem à cabeça, entre verdades e mentiras”.

Mário Oliveira disse que, em alguns órgãos de comunicação privados, as linhas editoriais são definidas pelos proprietários dos mesmos e deplorou o facto de olhar-se, apenas, para a imprensa pública, quando se fala de liberdade de imprensa.

Para o governante, “não existe liberdade perfeita em nenhuma parte do mundo”, lembrando que a imprensa pública no país tem dado espaço às diferentes entidades públicas e organizações políticas em função das actividades que cada um organiza.

O ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MINTTICS) aproveitou, também, o momento para agradecer o empenho dos jornalistas durante as  Eleições Gerais de 24 de Agosto último.

“O contributo da Comunicação Social permitiu que o pleito eleitoral decorresse com harmonia”, reconheceu o ministro, salientando o “grande papel” da Comunicação Social ao longo das últimas décadas em prol da consolidação da democracia.

A Comunicação Social deve ser mais interventiva na educação, respeito das liberdades e valorização do que seria o comportamento social dos cidadãos, indicou o ministro ao convidar os jornalistas a pautarem a actividade diária com base na ética e deontologia profissionais.

Mário Oliveira falou do conjunto de acções que o MINTTICS desenvolve, com destaque para a formação e superação de quadros no Cefojor e no Instituto de Telecomunicações (Itel), ambas instituições afectas ao Ministério. Exortou, por isso, os profissionais da comunicação social a abraçarem variados cursos nestas instituições.

Novos jovens na carreira

Aos profissionais mais velhos e experientes, o ministro pediu que orientem os jovens que desejam abraçar a carreira. “Os jovens que ingressam hoje na profissão precisam ser preparados, instruídos e orientados”, alertou Mário Oliveira, apelando para o uso racional e correcto das redes sociais.

“Os extremismos que muitas vezes ouvimos por aí não ajudam na informação responsável”, referiu o ministro, salientando que as redes sociais quando mal utilizadas também podem constituir-se numa arma de arremesso, que pode destruir pessoas, organizações e Nações.

Condições sociais dos profissionais

O ministro defendeu melhores condições sociais e de trabalho para os profissionais da imprensa, mas não teceu quaisquer comentários sobre as condições salariais dos jornalistas, salientando, apenas, que com os programas de desenvolvimento económico e social do Executivo a questão pode ser resolvida.

“Nenhum de nós ficaria satisfeito com um salário de 10 milhões de kwanzas e, em contrapartida, não ter uma cadeira na redacção para sentar, rede de internet e computadores em condições para trabalhar”, argumentou o ministro, salientando que o departamento ministerial continua a trabalhar no qualificador com responsáveis dos diversos órgãos de comunicação.

Assegurou que “passos significativos” já foram dados em alguns sectores. Apelou, por isso, para a necessidade de se olhar, cada vez mais, para a meritocracia, valorizando todos os profissionais que no dia a dia prestem o contributo em prol da informação e educação dos cidadãos.

  Reforma não é o fim de um profissional

Edna Dala

Durante o “mata-bicho”, marcado por várias intervenções, com destaque para a questão da reforma dos jornalistas , o ministro Mário Oliveira sublinhou que a aposentadoria  “não é um problema apenas da Comunicação Social e não representa o fim de um profissional”.

A reforma, explicou, é uma nova etapa da vida de um profissional, apesar de existir o tabu de que quem vai nela deixa de ter utilidade na sociedade.

Em reacção às inquietações levantadas por  jornalistas, que entendem haver profissionais qualificados que não deviam ser colocados na reforma por reunirem bastante experiência para transmitir aos principiantes da carreira, lembrou que todos os países do mundo têm definidas as idades de reforma dos  funcionários, que posteriormente encontram formas de desenvolver alguma actividade nos mais variados aspectos.

Assim, o ministro das Telecomunicações, Tecnologia de Informação e Comunicação Social aproveitou a oportunidade para anunciar, para os próximos dias, a proclamação da Caixa de Previdência do sector.

Apelou aos presentes e demais profissionais a aderirem à instituição que vai, entre outros fins, resolver no futuro o problema social de todos os profissionais da classe.

Após o período de perguntas/respostas e ouvir várias contribuições dos jornalistas presentes, Mário Oliveira disse que o departamento ministerial continuará aberto a propostas que visem aperfeiçoar o desempenho do sector e contribuir para uma comunicação social cada vez melhor.

Género nos órgãos de Comunicação Social

Para a presidente da Comissão da Carteira e Ética, Luísa Rogério, as mulheres continuam “muito mal representadas”, sobretudo nos órgãos de Comunicação Social. Apesar de, actualmente, as redacções, assim como as universidades apresentarem um número considerável de mulheres, as estatísticas não se reflectem nos órgãos de decisão.

A responsável do órgão fiscalizador da actividade jornalística no país disse serem poucos os órgãos de comunicação com mulheres nos Conselhos de Administração. Exemplificou o facto de  não existirem senhoras nos órgãos públicos a integrar o Conselho de Administração, nas áreas ligadas aos Conteúdos e com responsabilidades editoriais.

“Estamos muito mal representadas em termos de género e esse desequilíbrio no país é gritante”, exteriorizou, realçando que o facto de Angola, pela primeira vez, contar com uma Vice-Presidente da República, presidente da Assembleia Nacional e duas vice-presidentes dos dois maiores partidos políticos devia inspirar outros departamentos ministeriais, como o da Comunicação Social, a seguirem o exemplo.

“Com mulheres na gestão, acredito que podemos incentivar e implementar a mudança de paradigma”, afirmou. Ainda sobre a  questão de género, o ministro considerou necessário um trabalho conjunto para que mais mulheres sejam atraídas na profissão jornalística.

Luísa Rogério valorizou o encontro, salientando que permitiu aos jornalistas colocar questões de forma aberta e transparente, sem protocolos ou autocensuras. Lamentou a forma como muitos jornalistas são mandados para a reforma, mesmo com potencial para continuar a trabalhar e apontou a questão social e económica precárias dos jornalistas, como das mais preocupantes.

Alguns presentes referiram que o fraco poder social e económico aos jornalistas levam os profissionais a violar sistematicamente a ética e deontologia na profissão, envolvendo-se em práticas que em nada abonam a classe.

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