Os resultados líquidos da banca angolana aumentaram 295 por cento em 2021 para um valor de 592.402 milhões de kwanzas, tendo o Banco Económico (BE) a recuperar dos prejuízos e a liderar o grupo de 25 bancos avaliados.
O estudo analisa em detalhe os 25 bancos que operam no sistema financeiro angolano tendo em conta a performance em vários indicadores financeiros.
Para o crescimento dos resultados líquidos foi decisiva a melhoria do “rating” de Angola e consequente reversão de perdas por imparidade, bem como a variação positiva dos resultados do Banco de Poupança e Crédito (BPC), apesar de serem negativos, e do BE que registou o maior lucro entre os bancos analisados, após dois anos de prejuízos avultados, justifica o documento.
O resultado líquido foi atenuado “pela descida significativa dos resultados cambiais que reduziram em 2021 cerca de 96 por cento” (dados que excluem o BE por indisponibilidade de informação).
Excluindo o BPC e o BE da análise, os resultados líquidos em 2021 registaram ainda assim um aumento de 40 por cento face ao ano anterior, indicando a tendência de recuperação na banca.
No top cinco dos bancos mais lucrativos em 2021 ficaram o Banco Económico, o Banco de Fomento Angola (BFA), o Banco Angolano de Investimento (BAI), o Standard Bank e o banco BIC.
Entre os bancos que registaram prejuízos, além do público BPC, estão também o Keve, Banco de Comércio e Indústria (BCI), que foi privatizado no final de 2021, pertencendo actualmente ao Grupo Carrinho e o Banco Prestígio, que apresentou inclusive um produto bancário negativo e viu a sua licença revogada em 30 de Setembro.
Verificou-se igualmente um aumento do crédito a clientes na estrutura global de activos, que passou de 17 para 19 por cento impulsionado por medidas de incentivo emanadas pelo Banco Nacional de Angola (BNA), mas o peso do crédito face ao total dos activos “continua muito longe do verificado noutras economias mundiais”, incluindo no continente africano.
“O facto das taxas de juro continuarem altas leva a que as empresas recorram a outros tipos de fontes de financiamento”, refere o estudo da Deloitte, que não incluiu nesta análise o BE e o russo VTB.
Em contrapartida, o peso dos títulos e valores mobiliários continua a ser superior ao verificado em mercados mais maduros, fruto da exposição significativa dos bancos nacionais à dívida pública angolana, que, no entanto, desceu 3,0 por cento face a 2020.
O valor total dos activos dos bancos (excluindo o VTB por falta de informação) equivalia a 17.412.196 milhões de kwanzas no final de 2021, um decréscimo de 5,4 por cento face ao ano precedente, que estará associado à valorização e posterior estabilização do kwanza face ao dólar e ao euro em 2021.
Os cinco maiores bancos (BAI, BFA, BIC, BPC e Atlântico) representavam 65 por cento do total dos activos da banca.
O valor dos capitais próprios ascendeu a 2.076 mil milhões de kwanzas no final de 2021, correspondente a um reforço de 20 por cento face a 2020, tendo-se verificado um aumento, entre 2014 e 2021 próximo dos 293 por cento.